A Assembleia Geral da ONU é uma grande vitrine. Ainda maior para o Brasil, que tem o privilégio, pela tradição, de abrir os trabalhos. Por isso, a expectativa que sempre cerca a presença do presidente brasileiro. E o que vimos hoje foi mais um fiasco. Um turbilhão de mentiras.
Um amontoado de distorções de quem vive uma realidade paralela, que acredita até em vídeos falsos, de três anos atrás, feito em Natal (RN), como se fosse no aeroporto de Nova York.
Na verdade, foi um amontoado de afrontas: à ciência, aos governadores, à história recente do país, à atuação do governo na questão ambiental, ao Congresso (que tem, inclusive, uma CPI em funcionamento mostrando as omissões do governo na gestão da pandemia, em muitos casos beirando a ação criminosa) e a outras instituições, aos milhões de desempregados.
Seu discurso delirante está sendo dissecado por muita gente. Se ele se dispusesse a falar com a imprensa independente – e não apenas para os apoiadores no cercadinho ou rádios amigas – muitas perguntas poderiam ser feitas. Uma delas: quando ele diz que o Brasil estava à beira do socialismo, ele se referia ao seu novo conselheiro e antecessor Michel Temer?
Só isto já daria a dimensão de quão fora da realidade foi o seu raciocínio. Mas ele foi muito além, inclusive escondendo o número de mortos pela Covid e a insistência na defesa de tratamentos ineficazes.
Em resumo, ele nos cobriu de vergonha. E deve deixar Nova York como chegou: pela porta dos fundos.