Em longa e descontraída conversa para comemorar o primeiro aniversário da rádio A Voz, de Sobral, o senador Cid Gomes (PDT-CE) abordou os mais diversos temas. Em meio a “causos” até da adolescência, respondeu a perguntas do apresentador Luiz Siqueira e dos ouvintes sobre sucessão estadual, campanha de Ciro Gomes à presidência da República, segurança pública, sua atuação no Senado e avaliação do presidente Jair Bolsonaro.
Foram mais de duas horas de entrevista em que Cid Gomes, por exemplo, disse que ainda não há um candidato natural à sucessão do governador Camilo Santana. Está definido, porém, que o candidato ao governo será do PDT enquanto o PT indicará o nome ao Senado, o do próprio Santana. Ele disse que a aliança será mantida e que deve receber “a bênção” do ex-presidente Lula. E que ainda há bastante tempo para as definições.
Na avaliação de Cid, esta aliança não se choca com as candidaturas de Lula e Ciro no plano nacional, lembrando, inclusive, que isto já ocorreu. Ele disse ainda que Ciro vai crescer e se descolar de outras candidaturas que possam se apresentar como terceira via. E arriscou o palpite de que Bolsonaro não irá ao segundo turno.
Cid argumentou que, no momento, o povo brasileiro está mais preocupado com a crise do que com a política, mas que, com o tempo, este quadro vai mudar. Ele acredita que a avaliação de Bolsonaro vai piorar: “se ele cair para 20% das preferências e o Ciro subir um pouco, até uns 15%, por volta de maio ou junho, o Ciro será presidente”. Segundo este raciocínio, quem for para o segundo turno, seja contra Bolsonaro ou Lula, vence as eleições.
Ao comentar que Ciro tem projeto, metas e compromissos, ele criticou o presidente. “O maluco do Bolsonaro não tem um projeto para depois de amanhã; ele abre o jornal ou o resumo que fazem pra ele, diz de manhã uma coisa e desdiz à tarde. É um palhaço”, afirmou.
Mandato e Educação
Ainda falando sobre política, Cid reiterou que não será mais candidato a nada, “o que não quer dizer que vou largar a política”. Disse que vai continuar trabalhando sempre inclusive para retribuir a generosidade do povo que sempre o apoiou.
Indagado, falou sobre sua atuação no Senado como, por exemplo, o esforço para a aprovação do FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica). Cid lembrou que, se fosse depender do governo, o Fundo acabaria e falou do esforço para não apenas que ele fosse votado, mas que aumentasse a participação da União nos recursos para Estados e Municípios.
Insistiu na defesa da educação como base de tudo e contou que a Fundação Lemann, uma grande organização que colabora com iniciativas para a educação pública em todo o Brasil, vai ter uma base em Sobral. “A ideia é pensar a educação com vistas à equidade”, explicou.
Cid falou também do seu projeto para mudar a Lei de Segurança Nacional, que acabou dando lugar a uma iniciativa da Câmara dos Deputados, que já estava com sua tramitação mais adiantada. Defendeu a importância da mudança, sobretudo porque o presidente Bolsonaro estava utilizando este instrumento para perseguir opositores e ferir a liberdade de expressão.
Segurança pública
Respondendo a um ouvinte, que perguntou como a violência no Ceará ainda é muito grande apesar dos investimentos do governo estadual, o senador falou que o tema da segurança pública é da maior complexidade e não comporta soluções simplistas. É preciso, segundo ele, um conjunto de ações de médio e longo prazo, que incluem investimentos constantes em educação.
Mas não basta, acrescentou, é preciso dar oportunidades. Além disso, tem gente que se alimenta na política pelo estímulo à violência. E não apenas na política, apostando no quanto pior, melhor, mas também economicamente, disse Cid.
Cid e o programa de rock
Como se tratava do aniversário da Rádio A Voz, boa parte da conversa girou em torno do veículo, sua importância para a comunidade, seu papel na sociedade, as transformações pelas quais vem passando. Luiz Siqueira quis saber como foi a experiência de Cid como locutor de rádio. O senador contou que, antes de ir estudar em Fortaleza, ele e alguns amigos resolveram criar um programa de rádio diferente do que havia até então em Sobral: era sobre rock.
O programa se chamava Rock Mania e apresentava a história de diferentes bandas, como Rolling Stones, Beatles, Pink Floyd, Rush, Black Sabath e a sua preferida, Queen. E falou ainda de seu sonho de voltar para o rádio, mas como forma de prestação de serviço ao público, pois acredita que é um veículo que gera cultura e conhecimento. Ele se lembrou, inclusive, de ocasiões em que o rádio foi de grande importância na história de Sobral, como na enchente de 1974, mobilizando a ajuda à população.
Durante a conversa, que contou com a participação de outros profissionais da emissora além de assessores, Cid ainda contou “causos” dos tempos de prefeito ou que envolviam personagens ali presentes ou citados.