O senador Cid Gomes alertou, em entrevista à jornalista Kezya Diniz no programa Conexão Assembleia, que a possibilidade de realização de empréstimos consignados com parte da renda do novo Bolsa-Família pode deixar brasileiros ainda mais endividados. O Auxílio Verde-Amarelo, novo nome do programa, ainda precisa ser aprovado no Senado Federal e na Câmara dos Deputados para passar a valer e as discussões sobre o tema devem acontecer nos próximos meses.
Cid Gomes ressaltou a importância de garantir um programa de renda mínima aos brasileiros, mas alertou sobre o risco de permitir que parte da renda possa ser utilizada para realização de empréstimos consignados junto aos bancos. Na avaliação do senador, financiamento para consumo pura e simplesmente deve ser visto com ressalta, especialmente por conta dos juros extorsivos, que já colocaram mais de 62 milhões de brasileiros com nome negativado nas instituições de crédito.
“Por trás desse financiamento tem um juro extorsivo, que acaba fazendo com que as pessoas se endividem ainda mais e aquele financiamento acabe funcionando como um benefício ao contrário. O empréstimo passa a ser responsável pelo início de um processo de endividamento e essas coisas viram uma bola de neve. Portanto, o financiamento para consumo deve ser visto com ressalta”, defendeu.
Para Cid, o empréstimo poderia ser utilizado apenas em casos que fossem melhorar as condições de vida das famílias ou até mesmo trazer retorno financeiro a médio e longo prazos, como na compra de uma máquina de costura ou de fabricação de sorvete.
Demora do Governo
Além disso, o senador questiona as razões da demora para que o Governo tomasse uma medida mais concreta e definitiva de ajuda aos brasileiros e lamenta que só agora, em que se avizinha as eleições de 2022, o Governo tenha iniciado as discussões sobre o programa de renda mínima. “Qualquer benefício que ajude a população mais pobre tem que ser visto com simpatia e boa-vontade, mas por que só agora, por que não foram feitas há mais tempo e já não estão em vigor?”, questiona Cid.
Segundo ele, há uma tentativa de fazer a população mais pobre de se sentir devedora. “Isso não é uma dádiva, na verdade é uma dívida que os governos e a sociedade brasileira têm com a população mais pobre do País”, acrescentou.